segunda-feira, 23 de maio de 2011

Desenvolvimento Moral – Lawrence Kohlberg

Lawrence Kohlberg dedica-se a estudar o desenvolvimento moral do ser humano, retomando e aperfeiçoando o modelo piagetiano. Realizou estudos longitudinais nos Estados Unidos acerca do tema, utilizando-se de dilemas morais1, aos quais expunha indivíduos que entrevistava utilizando-se do método clínico, como Piaget, em suas pesquisas. Apresentava tais dilemas e pedia aos sujeitos que apontassem soluções aos mesmos sempre justificando seus dizeres. A seguir, analisava e categorizava as informações que obtinha considerando as justificativas, o valor moral intrínseco e os argumentos apresentados pelo sujeito participante da entrevista, detectando em qual nível a pessoa se encontra. Através do diagnóstico, propõe maneiras de intervir no intuito de fazer com que as pessoas caminhem de um nível de moralidade a outro subsequente.
Kohlberg criou diversos dilemas a fim de explorar o raciocínio da criança a respeito de um problema moral difícil, como o valor da vida humana ou as razões para fazer coisas “certas”, sendo um de seus mais famosos, o chamado “O Dilema de Heinz”. 

Dilema de Heinz: Na Europa, uma mulher estava quase à morte, com um tipo específico de câncer. Havia um remédio que os médicos achavam que poderia salvá-la. Era uma forma de rádio que um farmacêutico da mesma cidade havia descoberto recentemente. O remédio era caro para se fazer e o farmacêutico estava cobrando dez vezes mais do que ele lhe custava na fabricação. Ele pagava 200 dólares pelo rádio e cobrava 2000 dólares por uma pequena dose do remédio. O marido da mulher doente, Heinz, procurou todo mundo que ele conhecia para pedir dinheiro emprestado, mas só conseguiu aproximadamente 1000 dólares, a metade do preço do remédio. Ele disse ao farmacêutico que sua mulher estava morrendo e pediu-lhe para vender o remédio mais barato ou deixá-lo pagar o restante depois. Mas o farmacêutico disse: “Não, eu descobri o remédio e vou ganhar muito dinheiro com ele”. Então Heinz ficou desesperado e assaltou a farmácia para roubar o remédio para sua mulher.

O autor afirma que as pessoas podem defender a mesma ação por razões muito diferentes, que representam distintos estágios do raciocínio. Kohlberg baseou toda a sua teoria nesse pensamento de autonomia, para a formação de indivíduos verdadeiramente conscientes e comprometidos com pensamentos e atitudes morais. A teoria sustenta que o raciocínio moral, a base para a ética do comportamento, tem seis identificação dos estágios de desenvolvimento. Considera que o desenvolvimento moral se desenrola em seis estágios independentemente da cultura, grupo social ou país. Cada estágio apresenta características próprias, estando relacionado com a idade e representando um sistema de organização mais compreensivo e qualitativamente diferente do estágio anterior, são eles:

Nível I - Pré-convencional ou Pré-Moral (de 2 a aproximadamente 6 anos)
Nível pré-convencional corresponde, em termos gerais, à moralidade heterônoma estudada por Piaget. Neste nível, a criança interpreta as questões de certo e errado, bom e mau. Reduz-se a um conjunto de normas externas, a que se obedece para evitar o castigo, a punição, ou para satisfazer desejos e interesses estritamente individualistas.

Ø        Estágio 1 - Orientação para a punição e a obediência
a) Orientação Moral: Para a punição e a obediência
b) Justificativa dos julgamentos: Evitar o castigo e o exercício do poder superior que
as autoridades têm sobre o indivíduo
c) Perspectiva sócio-moral: Não distingue nem coordena perspectivas. Apenas existe uma perspectiva correta, a da autoridade.
Ø        
        Estágio 2 - Hedonismo Instrumental Relativista
a) Orientação Moral: Orientação calculista e instrumental; pura troca; hedonismo e
pragmatismo
b) Justificativa dos julgamentos: Servir a necessidades e interesses próprios em um
mundo em que há outras pessoas com seus interesses
c) Perspectiva sócio-moral: Distingue perspectivas, coordena-as e hierarquiza-as do
ponto de vista dos interesses individuais

Nível II - Convencional (idade escolar)
O nível convencional se define pela conformidade às normas sociais e morais vigentes. Procura-se viver conforme as regras estabelecidas, com o que é socialmente aceito e compartilhado pela maioria, respeitando a ordem estabelecida. Portanto, há uma tendência a agir de modo a ser bem visto aos olhos dos outros, para merecer estima, respeito e consideração.
Ø         
        Estágio 3: Moralidade do bom garoto, da aprovação social e das relações interpessoais
a) Orientação Moral: Orientação para o bom menino e para uma moralidade de
aprovação social e interpessoal
b) Justificativa dos argumentos: Precisa corresponder às expectativas alheias. Tem
necessidade de ser bom e correto a seus olhos e aos olhos dos outros ( família, amigos...); importa-se com os outros: se trocasse de papel iria querer um bom comportamento de si próprio. Este é o estágio da regra de ouro: “aja com os outros como gostaria que eles agissem com você”
c) Perspectiva sócio moral: do indivíduo em relação aos outros indivíduos.

Ø        Estágio 4: Orientação para a lei e a ordem, autoridade mantendo a moralidade
a) Orientação Moral: Orientação para a manutenção da lei, da ordem e do progresso
social
b) Justificativa dos argumentos: Manter o funcionamento das instituições como um
todo, auto respeito ou consciência compreendida como cumprimento de obrigações definidas para si próprio ou consideração das consequências dos atos. Pergunta-se: “o que acontecerá se todos fizerem o mesmo?”
c) Perspectiva sócio moral: Distingue perspectivas, coordena-as e hierarquiza-as do
ponto de vista de uma terceira pessoa imparcial, institucional e legal.

Nível III- Pós-convencional (adolescência)
Valor moral das ações não está na conformidade às normas e padrões morais e
sociais vigentes; está vinculado aos princípios éticos universais, tais como o direito à vida, à liberdade e à justiça. Portanto, as normas sociais são entendidas na sua relatividade, cuja finalidade é garantir que estes princípios sejam respeitados. Caso isto não aconteça, as leis devem ser transformadas e até desobedecidas. Neste nível, a sociedade não teria sentido se não estivesse a serviço desses direitos individuais fundamentais, que sejam universalizáveis, reversíveis e prescritivos.

Ø        Estágio 5: A orientação para o contrato social democrático
a) Orientação Moral: Orientação para o contrato social, para o relativismo da lei e
para o maior bem para o maior número.
b) Justificativa da argumentação: Obrigação de cumprir a lei em função de um
contrato social: protege seus direitos e os dos outros. Leis e deveres são baseados em cálculo do maior bem para o maior número de pessoas (critério da utilidade)
c) Perspectiva sócio-moral: Distingue perspectivas, coordena-as e começa a hierarquizá-las do ponto de vista de uma terceira pessoa moral, racional e universal.

Ø        Estágio 6: Princípios universais de consciência
a) Orientação Moral: Orientação para os princípios éticos-universais, prescritivos, auto-escolhidos, e generalizáveis.
b) Justificativa da argumentação: Como ser racional, percebe a validade dos
princípios e compromete-se com eles.
c) Perspectiva sócio-moral: Distingue perspectivas, coordena-as de um ponto de
vista ideal e hierarquiza-as segundo uma perspectiva moral, racional e universal.

Fonte:
ESPÍNDOLA,  M. Z. B.; LYRA, V. B. O desenvolvimento moral em Lawrence Kohlberg. 
Lawrence Kohlberg. In Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2011. 


Um vídeo que ilustra a teoria de Kohlberg:



Ainda sobre as teorias de desenvolvimento...

Encontramos alguns vídeos que mostram um pouco mais sobre as teorias de Piaget, Freud e Erikson:

domingo, 22 de maio de 2011

Desenvolvimento nas faixas etárias

Podemos vizualizar as etapas de desenvolvimento (fases ou estágios) de cada teoria organizando os conceitos pelas faixas etárias nas quais ocorrem os processos. Veja:

0 aos 2 anos

1) Estágio sensorio-motor: a partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio. A inteligência é prática. As noções de espaço e tempo são construídas pela ação. O contato com o meio é direto e imediato, sem representação ou pensamento.

2) Fase oral: a zona de erotização é a boca e o prazer ainda está ligado à ingestão de alimentos e à excitação da mucosa dos lábios e da cavidade bucal. Objetivo sexual consiste na incorporação do objeto.

3) Confiança x Desconfiança: durante o primeiro ano de vida a criança é substancialmente dependente das pessoas que cuidam dela, requerendo cuidado quanto à alimentação, higiene, locomoção, aprendizado de palavras e seus significados, bem como estimulação para perceber que existe um mundo em movimento ao seu redor. O amadurecimento ocorrerá de forma equilibrada se a criança sentir que tem segurança e afeto, adquirindo confiança nas pessoas e no mundo.

2 aos 4 anos
1) Estágio Pré-operatório: As crianças tornam-se capazes de usar símbolos para representar ações e, portanto, são capazes de representar essas ações para si mesmas sem de fato realizá-las (isto é, torna-se possível interiorizar ações). Na brincadeira infantil em que bonecas tornam-se bebês, carros de brinquedo representam carros de verdade e a criança pode assumir o papel de “papai” e “mamãe”. Nesse caso, a criança não precisa mais da presença do objeto pois pode evocá-lo. A emergência da atividade simbólica, entretanto, não indica que a criança já é capaz de formar conceitos como adultos e crianças mais velhas fazem. Nesse estágio, a percepção da criança é global, não consegue discriminar detalhes, deixa-se levar pelas aparências.

2) Fase anal: a zona de erotização é o ânus e o modo de relação do objeto é de "ativo" e "passivo", intimamente ligado ao controle dos esfíncteres (anal e uretral). Este controle é uma nova fonte de prazer.

3) Autonomia x Vergonha e Dúvida: Neste período a criança passa a ter controle de suas necessidades fisiológicas e responder por sua higiene pessoal, o que dá a ela grande autonomia, confiança e liberdade para tentar novas coisas sem medo de errar. Se, no entanto, for criticada ou ridicularizada desenvolverá vergonha e dúvida quanto a sua capacidade de ser autônoma, provocando uma volta ao estágio anterior, ou seja, a dependência.


4 aos 6/7 anos
1) Estágio Pré-operatório: Este estágio permite que a criança resolva determinados problemas, mas este pensamento é irreversível, isto é, a criança está sujeita às configurações preceptivas sem compreender a diferença entre as transformações reais e aparentes. As crianças julgam as situações pelos dados que podem captar pelos seus sentidos.

2) Fase fálica: a zona de erotização é o órgão sexual. Apresenta um objeto sexual e alguma convergência dos impulsos sexuais sobre esse objeto. Assinala o ponto culminante e o declínio do complexo de Édipo pela ameaça de castração. No caso do menino, a fase fálica se caracteriza por um interessse narcísico que ele tem pelo próprio pênis em contraposição à descoberta da ausência de pênis na menina. É essa diferença que vai marcar a oposição fálico-castrado que substitui, nessa fase, o par atividade-passividade da fase anal. Na menina esta constatação determina o surgimento da "inveja do pênis" e o conseqüente ressentimento para com a mãe "porque esta não lhe deu um pênis, o que será compensado com o desejo de Ter um filho.
*Complexo de Édipo, a mãe é o objeto de desejo do menino e o pai (ou a figura masculina que represente o pai) é o rival que impede seu acesso ao objeto desejado. Ele procura então assemelhar-se ao pai para "ter" a mãe, escolhendo-o como modelo de comportamento, passando a internalizar as regras e as normas sociais representadas e impostas pela autoridade paterna. Posteriormente por medo do pai, "desiste" da mãe, isto é, a mãe é "trocada" pela riqueza do mundo social e cultural e o garoto pode, então, participar do mundo social, pois tem suas regras básicas internalizadas através da identificação com o pai. Este processo também ocorre com as meninas, sendo invertidas as figuras de desejo e de identificação. Freud fala em Édipo feminino.

3) Iniciativa x Culpa: Durante este período a criança passa a perceber as diferenças sexuais, os papéis desempenhados por mulheres e homens na sua cultura (conflito edipiano para Freud) entendendo de forma diferente o mundo que a cerca. Se a sua curiosidade “sexual” e intelectual, natural, for reprimida e castigada poderá desenvolver sentimento de culpa e diminuir sua iniciativa de explorar novas situações ou de buscar novos conhecimentos.

6/7 aos 11/12 anos
1) Estágio operatório-concreto: A criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, já sendo capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar à abstração.Desenvolve a capacidade de representar uma ação no sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação observada (reversibilidade).


2) Fase de latência: Estado de relativa inatividade da pulsão sexual, com resolução do complexo de Édipo; Pulsões sexuais canalizadas para objetivos mais apropriados socialmente; Formação do superego; uma das três estruturas psiquicas da mente responsável pelo desenvolvimento moral e ético, incluindo a consciência;

3) Construtividade x Inferioridade: Neste período a criança está sendo alfabetizada e freqüentando a escola, o que propicia o convívio com pessoas que não são seus familiares, o que exigirá maior sociabilização, trabalho em conjunto, cooperatividade, e outras habilidades necessárias. Caso tenha dificuldades o próprio grupo irá criticá-la, passando a viver a inferioridade em vez da construtividade.

11-12 anos em diante
1) Estágio Operatório-formal: A representação agora permite a abstração total. A criança não se limita mais a representação imediata nem somente às relações reviamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis logicamente buscando soluções a partir de hipóteses e não apenas pela observação da realidade.Em outras palavras, as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento e tornam-se aptas a aplicar o raciocínio lógico a todoas as classes de problemas.

2) Fase Genital: na adolescência é atingida a última fase quando o objeto de erotização ou de desejo não está mais no próprio corpo, mas em um objeto externo ao indivíduo - o outro. Neste momento meninos e meninas estão conscientes de suas identidades sexuais distintas e começam a buscar formas de satisfazer suas necessidades eróticas e interpessoais.


3) Identidade X Confusão de Papéis: O quinto estágio ganha contornos diferentes devido à crise psicossocial que nele acontece, ou seja, Identidade Versus Confusão. Neste contexto o termo crise não possui uma acepção dramática, por tratar-se de a algo pontual e localizado com pólos positivos e negativos.

Intimidade X Isolamento (jovem adulto): Nesse momento o interesse, além de profissional, gravita em torno da construção de relações profundas e duradouras, podendo vivenciar momentos de grande intimidade e entrega afetiva. Caso ocorra uma decepção a tendência será o isolamento temporário ou duradouro.

Produtividade X Estagnação (meia idade): Pode aparecer uma dedicação à sociedade à sua volta e realização de valiosas contribuições, ou grande preocupação com o conforto físico e material.


Integridade X Desesperança (velhice): Se o envelhecimento ocorre com sentimento de produtividade e valorização do que foi vivido, sem arrependimentos e lamentações sobre oportunidades perdidas ou erros cometidos haverá integridade e ganhos, do contrário, um sentimento de tempo perdido e a impossibilidade de começar de novo trará tristeza e desesperança.

Erik Erikson e a Teoria do Desenvolvimento Psicossocial

Considerado o primeiro psicanalista infantil americano, Erik Erikson tornou-se psicanalista após trabalhar com Anna Freud, porém em seus estudos não focou no id e nas motivações inconscientes como os demais psicanalistas, mas nas crises do ego e no problema da identidade.
A teoria Eriksoniana do desenvolvimento humano é dividida em oito fases (estágios psicossociais), nas quais o ego passa por crises que servem para fortificá-lo ou fragilizá-lo, dependendo do desfecho (positivo ou negativo).


1. Confiança x Desconfiança
Esta fase é análoga à fase oral da Teoria de Freud. Nela o bebê mantém seu primeiro contato social com seus provedores, geralmente a mãe. Para ele, a mãe é um ser supremo, mágico, aquele que fornece tudo o que ele necessita para estar bem. Quando a mãe falta, o bebê experimenta o sentimento de esperança. Ele começa a esperar que sua mãe volte e, quando isso ocorre com freqüência, há o desfecho positivo e a Confiança Básica é desenvolvida. Do contrário, se a mãe não retorna ou demora a fazê-lo, o bebê perde a esperança. É o desfecho negativo e o que se desenvolve é Desconfiança Básica.

2. Autonomia x Vergonha e Dúvida
Com o controle de seus músculos a criança inicia a atividade exploratória do seu meio. É neste momento que os pais surgem para ajudar a limitar essa exploração. Há coisas que a criança não deve fazer. Então os pais se utilizam de meios para ensinar a criança a respeitar certas regras sociais. Esta crise culminará na estruturação da autonomia e pode ser comparada à fase anal freudiana.
Os pais fazem uso da vergonha e do encorajamento para dar o nível certo de autonomia à criança, enquanto aprende as regras sociais. O sentimento que se desenvolve nesta etapa é a vontade. À medida que suas capacidades físicas e intelectuais se desenvolvem ajudando-a na atividade exploratória, a criança tende a ter vontade de conhecer e explorar ainda mais.

3. Iniciativa x Culpa
Comparada à fase fálica freudiana, neste período é somada a iniciativa. Esta se manifesta quando a criança deseja alcançar uma meta e, planejando sua ação, utiliza-se de suas habilidades motoras e intelectuais para tal. A iniciativa surge para atingir metas que, muitas vezes, tornam-se fixação. Na Teoria de Freud a principal fixação ocorre neste período - o Complexo de Édipo. Para Erikson, assim como para Freud, as metas elaboradas são impossíveis. Então toda a energia despendida em busca de algo socialmente inalcançável é revertida para outras atividades. É nesse período que as crianças ampliam seus contatos, fazem mais amigos, aprendem a ler e escrever... fruto da energia proveniente da iniciativa. O senso de responsabilidade também pode ser desenvolvido durante esta terceira crise do ego. Nela, a criança sente a necessidade de realizar tarefas e cumprir papéis.

4. Diligência X Inferioridade
Quando a criança se torna confiante, autônoma e desenvolve a iniciativa para objetivos imediatos, passa à nova fase do desenvolvimento psicossocial – aquela que na Teoria Freudiana (fase de latência) teve menos destaque – onde a criança aprende mais sobre as normas sociais e o que os adultos valorizam. Aqui, tarefas realizadas de maneira satisfatória remetem à idéia de perseverança, recompensa a longo prazo e competência no trabalho. O ego está sensível, uma vez que se falhas ocorrerem ou se o grau de exigência for alto, ele voltar a níveis anteriores de desenvolvimento, implantando o sentimento de inferioridade na criança. Surge o interesse pelas profissões e a criança começa a imitar papéis numa perspectiva imatura, mas em evolução, de futuro.

5. Identidade x Confusão de Identidade
A adolescência é o período no qual surge a confusão de identidade. O adolescente se influencia facilmente pelas opiniões alheias, isso faz com que ele assuma posições variadas em intervalos de tempo muito curtos. Este estágio pode fazer o ego regredir como forma de fuga ao enfrentamento desta crise. Lealdade e fidelidade consigo mesmo são características do desfecho positivo desta etapa. Estes sentimentos sinalizam para a estabilização de seus propósitos e para o senso de identidade contínua.

6. Intimidade x Isolamento
A identidade está estabilizada, o ego fortalecido e o indivíduo agora aprenderá a conviver com outro ego. As uniões, casamentos, surgem nesta fase. Se as crises anteriores não tiveram desfechos positivos,a pessoa tende ao isolamento como forma de preservar seu ego frágil. O isolamento pode ocorrer por períodos curtos ou longos (negativos). Erikson definiu o elitismo também como desfecho negativo desta fase. O elitismo consiste numa espécie de narcisismo comunal, ou seja, a formação de grupos fechados de pessoas com egos semelhantes, caracterizando a incapacidade de conviver com outros egos e, portanto, não superando esta crise.




7. Generatividade x Estagnação
Caracteriza-se pela necessidade que o indivíduo tem de gerar. Gerar qualquer coisa que o faça sentir produtor e mantenedor de algo. Pode ser filhos, negócios, pesquisas etc. O sentimento oposto é o da estagnação. Quando a pessoa olha para sua vida e vê tudo o que produziu, sente a necessidade de ensinar tudo o que sabe e tudo o que viveu e aprendeu, com outras pessoas. Se existe a oportunidade deste compartilhamento, o indivíduo sente que deixou algo de si nos outros e o desfecho é positivo. Por outro lado, o não-compartilhamento de suas "gerações" com os outros gera o que Erikson chamou de estagnação, o que pode ser considerado um desfecho negativo.

8. Integridade x Desespero
A Teoria Eriksoniana define esta fase como a final do ciclo psicossocial, com duas possibilidades: 1) desfecho positivo – o indivíduo procura estruturar seu tempo e se utilizar das experiências vividas em prol de viver bem seus últimos anos de vida; ou 2) desfecho negativo – estagnar diante do terrível fim, quando as carícias desaparecem e a pessoa entra em desespero.


Fonte: A Teoria Do Desenvolvimento Psicossocial De Erik Erikson
Publicado 15/08/2008 por José Robério de Sousa Almeida.
http://www.webartigos.com

Teoria psicanalítica de Freud

Acredita que os conflitos fazem parte do desenvolvimento humano, portanto procura descrever as causas dos transtornos mentais. O sistema freudiano trouxe o conceito de inconsciente em uma teoria da sexualidade. Estruturou o aparelho psíquico como um iceberg, onde o submerso – inconsciente – não é voluntariamente controlado.
A consciência do ser humano é descrita por Freud em três níveis:

O consciente: abarca todos os fenômenos que em determinado momento podem ser percebidos de maneira conscientes pelo indivíduo;

O pré-consciente: refere-se aos fenômenos que não estão conscientes em determinado momento, mas podem tornar-se, se o indivíduo desejar se ocupar com eles;

O inconsciente: diz respeito aos fenômenos e conteúdos que não são conscientes e somente sob circunstâncias muito especiais podem tornar-se.

Os sonhos são vistos como expressão simbólica dos conteúdos inconscientes. Muitos desejos, sentimentos e motivações são inconscientes, mas podem influenciar e guiar o comportamento consciente.

O aparelho psíquico, na teoria freudiana, é composto por três níveis estruturais que compõe a personalidade:

Id: O id é a fonte da energia psíquica (libido). O id é formado pelas pulsões - instintos, impulsos orgânicos e desejos inconscientes. Ele funciona segundo o princípio do prazer, ou seja, busca sempre o que produz prazer e evita o que é aversivo. O id desconhece juízo, lógica, valores, ética ou moral, é completamente inconsciente.

Ego: O ego desenvolve-se a partir do id com o objetivo de permitir que seus impulsos sejam eficientes, ou seja, o ego permite o id levando em conta o mundo externo. É o chamado princípio da realidade. Esse princípio introduz a razão, o planejamento e a espera ao comportamento humano. A satisfação das pulsões é retardada até o momento em que a realidade permita satisfazê-las com um máximo de prazer e um mínimo de consequências negativas. A principal função do ego é buscar uma harmonização, inicialmente entre os desejos do id e a realidade e, posteriormente, entre os desejos do id e as exigências do superego.

Superego: É a parte moral da mente humana e representa os valores da sociedade. O superego tem três objetivos: (1) inibir (através de punição ou sentimento de culpa) qualquer impulso contrário às regras e ideais; (2) forçar o ego a se comportar de maneira moral (mesmo que irracional) e (3) conduzir o indivíduo à perfeição - em gestos, pensamentos e palavras. O superego forma-se após o ego, durante o esforço da criança de apreender os valores recebidos dos pais e da sociedade. Ele pode funcionar de uma maneira bastante primitiva, punindo o indivíduo não apenas por ações praticadas, mas também por pensamentos.

A função do ego é tentar harmonizar a ação do id, do mundo exterior e do superego Para isso, pode fazer uso dos mecanismos de defesa. Esses conceito foram melhor desenvolvidos pela filha de Freud, Ana. Os principais mecanismos de defesa são:

* Repressão: processo pelo qual se afastam da consciência conflitos e frustrações demasiadamente dolorosos para serem experimentados ou lembrados, reprimindo-os para o inconsciente;

* Formação reativa: consiste em ostentar um procedimento e externar sentimentos opostos aos impulsos verdadeiros, indesejados.

* Projeção: consiste em atribuir a outros as ideias e tendências que o sujeito não pode admitir como suas.

* Regressão: consiste em a pessoa retornar a comportamentos imaturos, característicos de fase de desenvolvimento que a pessoa já passou.

* Fixação: congelamento no desenvolvimento, que é impedido de continuar. Uma parte da libido permanece ligada a um determinado estágio do desenvolvimento e não permite que a criança passe completamente para o próximo estágio. A fixação está relacionada com a regressão, uma vez que a probabilidade de uma regressão a um determinado estádio do desenvolvimento aumenta se a pessoa desenvolveu uma fixação nesse estádio.

* Sublimação: a satisfação de um impulso inaceitável através de um comportamento socialmente aceito.

* Identificação: processo pelo qual um indivíduo assimila um aspecto, uma característica de outro. Uma forma especial de identificação é a identificação com o agressor.

* Deslocamento: processo pelo qual agressões ou outros impulsos indesejáveis, não podendo ser direcionados à(s) pessoa(s) a que se referem, são direcionadas a terceiros.

A teoria psicanalítica defende que o desenvolvimento psicossocial do indivíduo inicia desde os primeiros anos de vida, em fases ou estágios psico-sexuais definidas por regiões do corpo, nos quais surgem necessidades que exigem ser satisfeitas. A maneira como essas necessidades são satisfeitas determina como a criança se relaciona com outras pessoas e quais sentimentos ela tem para consigo mesma. As fases se seguem umas às outras em uma ordem fixa e, apesar de uma fase se desenvolver a partir da anterior, os processos desencadeados em uma fase nunca estão plenamente completos e continuam agindo durante toda a vida da pessoa.

1. Fase oral (do nascimento até aproximadamente um ano de vida)
Nessa fase a criança vivencia prazer e dor através da satisfação ou frustação de pulsões orais, ou seja, pela boca. Essa satisfação se dá independente da satisfação da fome. Para a criança, sugar, mastigar, comer, morder, cuspir etc. têm uma função ligada ao prazer, além de servirem à alimentação. A fase oral se divide em duas fases menores, definidas pelo nascimento dos dentes. Antes, passiva-receptiva; com os primeiros dentes a criança passa a uma fase sádica-ativa através da possibilidade de morder.


2. Fase anal (aproximadamente do primeiro ao terceiro ano de vida)
Nessa fase a satisfação das pulsões se dirige ao ânus, ao controle da tensão intestinal. A criança tem de aprender a controlar sua defecação e, dessa forma, deve aprender a lidar com a frustração do desejo de satisfazer suas necessidades imediatamente.

3. Fase fálica (dos três aos cinco anos de vida)
Essa fase se caracteriza pela importância da presença (ou, nas meninas, da ausência) do falo ou pênis. Prazer e desprazer estão centrados na região genital. As dificuldades dessa fase estão ligadas ao direcionamento da pulsão sexual ao genitor do sexo oposto e aos problemas resultantes. A resolução desse conflito está relacionada ao complexo de Édipo e à identificação com o genitor de mesmo sexo.
O complexo de Édipo é caracterizado por sentimentos de amor e hostilidade, quando ocorre a diferenciação do sujeito em relação aos pais. A criança começa a perceber que os pais pertencem a uma realidade cultural e que não podem dedicar-se apenas a ela porque possuem outros compromissos.

Nessas fases, ao ser confrontada com frustações, a criança é obrigada a desenvolver mecanismos para lidar com tais frustações. A maneira como a criança atravessa essas fases e as reações dos familiares perante suas ações constituem mecanismos que são a base da futura personalidade da pessoa.

4. Período de latência (até a puberdade)
Trata-se de uma fase mais tranqüila, onde as fantasias e os impulsos sexuais são reprimidos, tornando-se secundários, e o desenvolvimento cognitivo e a assimilação de valores e normas sociais se tornam a atividade principal da criança, continuando o desenvolvimento do ego e do superego.

5. Fase genital (durante a adolescência, estendendo-se até a vida adulta)
Nessa última fase as pulsões sexuais, acompanhando a maturação biológica, despertam-se novamente e são dirigidas a uma pessoa do sexo oposto. A escolha do parceiro não se dá independente dos processos de desenvolvimento anteriores, mas é influenciada pela vivência nas fases antecedentes. Além disso, apesar de continuarem agindo durante toda a vida do indivíduo, os conflitos internos típicos das fases anteriores atingem na fase genital uma relativa estabilidade conduzindo a pessoa a uma estrutura do ego que lhe permite enfrentar os desafios da idade adulta.

Fonte: Psicanálise Freudiana
http://fundamentosfreud.vilabol.uol.com.br/ 

Desenvolvimento cognitivo por Jean Piaget

A teoria de Jean Piaget explica como o indivíduo, desde o seu nascimento, constrói o conhecimento.
Acredita que o desenvolvimento cognitivo procede por estágios. Todas as pessoas, portanto, desde que tenham um desenvolvimento normal, passam por estas fases na mesma ordem, com possíveis variações das idades.
Para Piaget, o desenvolvimento cognitivo é um processo de sucessivas mudanças qualitativas e quantitativas das estruturas mentais (esquema). A construção do conhecimento ocorre quando acontecem ações que provocam o desequilíbrio no esquema, necessitando dos processos de assimilação e acomodação para a construção de novos esquemas e alcance do equilíbrio.


Esquema
Representação de um arquivo de dados na nossa cabeça. As fichas deste arquivo são as estruturas mentais ou cognitivas pelas quais os indivíduos intelectualmente organizam o meio. São estruturas que se modificam com o desenvolvimento mental e que tornam-se cada vez mais refinadas à medida em que a criança torna-se mais apta a generalizar os estímulos. Assim, os esquemas cognitivos do adulto são derivados dos esquemas sensório-motores
da criança e,os processos responsáveis por esses mudanças nas estruturas cognitivas são assimilação e acomodação.


Assimilação
É o processo cognitivo de colocar (classificar) novos eventos em esquemas existentes. É a incorporação de elementos do meio externo (objeto, acontecimento...) a um esquema do sujeito.
Em outras palavras, é o processo cognitivo de captar e organizar as informações nas estruturas que já possui, o que possibilita a ampliação dos esquemas.

Acomodação
É a modificação de um esquema em função das particularidades do objeto a ser assimilado.
A acomodação pode ser de duas formas, visto que se pode ter duas alternativas:
* Criar um novo esquema no qual se possa encaixar o novo estímulo, ou
* Modificar um já existente de modo que o estímulo possa ser incluído nele.

Após ter havido a acomodação, a criança tenta novamente encaixar o estímulo no esquema e aí ocorre a assimilação. Por isso, a acomodação não é determinada pelo objeto e sim pela atividade do sujeito sobre este, para tentar assimilá-lo. O balanço entre assimilação e acomodação é chamado de adaptação.

Essas construções seguem um padrão denominado por Piaget de ESTÁGIOS. Os estágios são seqüenciais e seguem idades mais ou menos determinadas. Logo, o importante é a ordem dos estágios e não a idade exata de aparição destes. Veremos a seguir os estágios:


Fonte: NITZKE, J. A.; CAMPOS, M. B.; LIMA, M. F. P.

Padrões de desenvolvimento: marcos referenciais (2)

As seguintes tabelas ilustram padrões normais de outros aspectos do desenvolvimento humano: linguagem; desenvolvimento cognitivo; desenvolvimento emocional; desenvolvimento da sexualidade.








Fonte: Caderno de Estudos – Desenvolvimento Motor (Prof. Dr. Francisco Rosa Neto).
Material da disciplina Desenvolvimento Motor do curso de graduação em Educação Física CEFID/UDESC, 2009.