segunda-feira, 4 de abril de 2011

Hereditariedade ou influência do meio? (2)

Reflexão sobre o filme "A menina selvagem"
Por Francielle

O filme fala sobre a história de uma menina que foi mantida isolada e presa a uma cadeira, em um quarto, pelo pai, por mais de 10 anos e como isso afetou o seu desenvolvimento psíquico, físico e motor.
Obviamente, as consequências desta atrocidade à vida de uma criança só prejudicou o seu desenvolvimento mental, psíquico e motor. Genie não possuía domínio dos movimentos motores, não sabia falar, nem ler, porém diante dos testes realizados pelos pesquisadores, o isolamento não comprometeu a sua capacidade de aprendizagem, em parte.
Levantaram-se algumas questões quanto à dificuldade encontrada na aprendizagem da linguagem, entre elas a questão de que Genie estava entrando no período crítico, que segundo os médicos é considerado um período ruim para a aprendizagem e desenvolvimento da linguagem e de outros fatores.
Outro questionamento feito foi o fato de a linguagem ter um fator genético ou se é apenas um aprendizado influenciado pelo meio.
Eu acredito, diante das histórias de Genie e do Vitor, que não existe interferência genética para o aprendizado da linguagem ou do desenvolvimento motor. O que pode existir é uma variação da pré-disposição de uma pessoa para outra a responder a um determinado estímulo. Por exemplo, se eu e mais uma menina da mesma idade, recebemos os mesmo ensinamentos e estímulos, porém eu aprendo a falar mais cedo, isso está relacionado a determinados fatores que não são genéticos, fatores inerentes à minha pessoa, personalidade e facilidade no desenvolvimento, talvez isso explique os talentos, que não são genéticos.
Também acho que, o fator fundamental na aprendizagem de qualquer coisa, tanto da linguagem quanto o andar, é totalmente dependente do meio. O meio, as pessoas influenciam na formação de qualquer ser humano, como percebemos no filme do menino selvagem, em que o Vitor criado na mata, possuía hábitos de selvagens de animal, na forma de andar, comer, sentir. O organismo se prepara, se adapta ao meio a que ele está condicionado. O mesmo aconteceu com Genie, quando descoberta e quando entrou em contatos com as pessoas, natureza desenvolveu uma relação afetiva com determinadas pessoas, conseguiu minimamente se comunicar devido ao estimulo, ao ensino e à influencia exercida pelo meio.
Porém, vimos também que ela atingiu um ponto de aprendizagem e estagnou nele, não demonstrou mais avanços e isso demonstrou de certa forma que a teoria do período crítico apresentou veracidade.
Portanto, acredito que há um conjunto de fatores que influência no aprendizado e desenvolvimento da linguagem, o primeiro e sem dúvida nenhuma, é o meio em que a pessoa está inserida, a relação com outras pessoas e o estimulo recebido, segundo fator é que após uma determinada idade o ser humano encontra muitas dificuldades neste aprendizado e terceiro é de que acredito ter uma variabilidade no nível de aprendizado de uma pessoa pra outra, para umas terem maior facilidade em aprender determinadas coisas que outras que não se explica pela genética, mas algo semelhante ao “talento”. Não saberia dar uma explicação científica para tal fenômeno, porém ele existe na sociedade.

Hereditariedade ou influência do meio?

Reflexão sobre o filme "A menina selvagem"
Por Jossana

Para além de sensibilizar-nos, a história de Genie nos permite refletir sobre questões éticas, científicas, jurídicas. Que consequências o isolamento trouxe para Genie? Os cientistas agiram corretamente? Ela tinha retardamento mental desde que nasceu? Ela conseguiria aprender a falar? Esses e outros questionamentos tornaram a realidade de Genie fonte de pesquisa que poderia trazer avanços para a ciência, principalmente nas teses do aprendizado da linguagem e da relação entre hereditariedade e relevância do meio para a socialização do indivíduo, sobretudo porque as condições de isolamento jamais seriam reproduzidas intencionalmente.
A mudança da realidade traumática para um ambiente carinhoso, juntamente com o longo processo de aprendizagem, possibilitaram a Genie sua socialização. Ela aprendeu a se comunicar através da linguagem de sinais e da fala. Como disse um membro da equipe, o processo deu a ela novas experiências de vida, tal como tinha acontecido com Victor, o menino selvagem descoberto no interior da França em 1800.
Acredito que os casos de Genie e Victor comprovam que o indivíduo se torna homem a partir das suas relações com a natureza e com os outros homens. Enquanto isolados, seus hábitos eram selvagens. Foi necessário um processo educacional para a identificação e assimilação de elementos culturais da humanidade que permitem a vida em sociedade, entre eles o comportamento e a linguagem.
A hipótese de Linnemberg sobre o período crítico para o aprendizado da linguagem aparentemente foi confirmada, pois Genie, embora tenha aprendido as palavras, apresentou dificuldades de organizá-las gramaticalmente. Logo, quanto mais avançado o processo de maturação, mais difícil será a aprendizagem. Todavia, não penso que isso define o fator genético e biológico como principal. O ser humano tem realmente funções psíquicas superiores que permitem o aprendizado, mas elas precisam ser estimuladas. Como comentamos em aula, um gato não aprenderá a falar de forma alguma, pois sua natureza não permite. Um menino pode aprender a falar, desde que seja ensinado. Porém, se o menino crescer somente com gatos, ele agirá como gatos e se comunicará como gatos. Portanto, os fatores genéticos do homem, por si só, não permitem que ele aprenda os elementos culturais que o humaniza. Esses fatores precisam ser estimulados pelo meio, pelas relações sociais, pela educação.